domingo, 27 de março de 2016

ÚRANO NATAL NAS CASAS



A Casa de Úrano significa o lugar da experiência onde nos fascinam e mesmo inconscientemente provocamos mudanças drásticas nas situações, onde achamos natural que tudo o que é novo nesse campo é de um interesse fascinante para experimentar. Dependendo dos aspetos de Úrano e a sua posição no signo, dependerá o resultado e até mesmo o medo que temos diante da nossa tendência de derrubar barreiras nessa área.
Não é muito o que a mitologia nos conta de Úrano. Como primeiro deus do céu, regia a expansão ilimitada do espaço e correspondeu-lhe a missão de inventar e desenhar a natureza.
Realizou atos tão criativos como dar forma às asas das borboletas, que levavam cada uma o selo da sua própria peculiaridade e individualidade. É na Casa ocupada por Úrano na Carta Natal, onde somos capazes de pensamento e ação originais e novos. No seu domínio, não é necessário cumprir as diretrizes de comportamento tradicionais e convencionais.
Estava casado com Gaia, a Mãe Terra. Todas as noites o Céu se deitava sobre a Terra, com o resultado de que não deixavam de conceber filhos. O prolífero casal deu origem à raça de gigantes conhecidos como os Titãs; alguns ciclopes dotados de um só olho e um bando de outros monstros, cada um com cem braços e cinquenta cabeças. Desgostoso com a visão da sua própria descendência, Úrano recusou-se a permitir-lhe a existência. Então, logo que os seus filhos nasciam voltava a enterrá-los no ventre de Gaia, nas mesmas entranhas da terra. Astrologicamente, isto implica que na Casa de Úrano podemos conceber algumas ideias que nos parecem boníssimas, mas que, quando as levamos à prática e as concretizamos, talvez não resultem tão bem. O que em teoria parecia ser tão desejável pode dececionar-nos na realidade, e às vezes, como Úrano, temos de enterrar as nossas ideias originais e renovar a tentativa.
Obviamente, Gaia não achava mesmo nada divertido ter o ventre repleto de filhos rejeitados. Nas sua profundezas procurou um pouco de aço para fazer uma foice e depois implorou aos seus filhos que com ela castrassem o pai. O mais novo, Cronos (Saturno), dono já de um bem desenvolvido senso de responsabilidade, ofereceu-se para a tarefa. Algumas gotas de sangue do amputado falo de Úrano penetraram no ventre de Gaia, gerando assim as Fúrias. Quando o órgão foi atirado ao mar, da sua união com a espuma nasceu Afrodite (Vénus).
O mito sugere as complexidades que caracterizam a esfera da influência de Úrano. Aquela parte de nós que é mais terrestre o Saturnina _ a nossa reserva, a nossa cautela, o nosso conservadorismo, o nosso respeito pela tradição e o nosso medo _ é literalmente capaz do impulso criativo de Úrano. A inibição de Úrano numa Casa pode dar nascimento às Fúrias, cujos nomes significam "Vingança", "Cólera",   "Inveja" e "Infindável".
Se aderirmos , no domínio de Úrano, durante demasiado tempo aos padrões de comportamento velhos e gastos, então as Fúrias perseguir-nos-ão. Magoados pela  forma como as coisas estão indo nesta área da vida, é frequente culparmos os outros pela nossa infelicidade, conseguindo assim, que na psique se sedimente um resíduo tóxico e amargo.
Para impedir uma mudança que é realmente  necessária, faz falta uma quantidade tremenda de energia e como resultado disto é provável que terminemos exaustos, doentes ou incapazes.
Ou talvez empreendamos com toda a coragem a nova ação, e exploremos outras maneiras originais e independentes de estar nessa Casa. Ainda assim, é possível que despertemos as Fúrias desencadeadas desta vez sobre nós por aqueles que se sentem agredidos e ameaçados pelo nosso comportamento.
Tanto no nível pessoal como no nível coletivo, na Casa onde está Úrano é onde provavelmente teremos que nos desviar do conformismo, experimentar com novas tendências ou correntes de pensamento e correr o risco de desbaratar-nos e de desbaratar tudo o que nos rodeia em nome do progresso e da evolução.
Felizmente dessa luta nasce também Afrodite. A sua presença sugere que, desde que respeitemos alguns dos limites e extremos de Saturno e trabalhemos dentro deles, podemos tentar encontrar as formas mais criativas e harmoniosas (Vénus) de dar à luz uma nova vida.
Nalguns casos, talvez seja impossível derrubar de todo as velhas estruturas, mas podemos esforçar-nos por criar espaço dentro delas, para ideias e interesses novos, e desta maneira dar alguma forma de expressão à mudança. Este é o desafio que nos propõe Úrano no setor da Carta onde está posicionado.
Úrano foi descoberto numa época relativamente recente: em 1781, durante o período das revoluções norte-americana e francesa e em véspera da revolução industrial. É um planeta que vai sincronicamente associado com os ideais da verdade, justiça, liberdade, fraternidade e igualdade, assim como qualquer tendência progressista coletiva que se confronte com o status quo.
Úrano quer fazer-nos transcender os limites do nosso passado, a nossa história, a nossa biologia e, se  possível, o nosso destino: só o facto de haver nascido no seio de uma família pobre não significa que teremos de ser camponeses. Na sua forma pura, a sua visão é a de um agrupamento de muitos indivíduos, onde cada um expressa a sua própria peculiaridade e, no entanto, todos apoiam esse todo mais vasto do qual fazem parte.
Úrano é, no entanto, propenso a certas deformações. A Casa onde se encontra é onde temos a necessidade de verdade liberdade, e também onde experimentamos um medo desmesurado de ver-nos capturados ou aprisionados pelas nossas próprias criações. Se sentimos demasiado apego ao alterar para mudar, então jamais conseguiremos que algo enraíze neste setor.
Ou, oscilando sobre essa fina linha que separa a loucura da excentricidade de génio, talvez experimentemos a necessidade persistente de ser diferentes sem outro motivo que causar alguma agitação ou chamar a atenção sobre nós próprios.
A Casa de Úrano pode ensinar-nos onde desconhecemos, desatinadamente, os limites da nossa condição humana. Convencidos de que somos capazes de transcender automaticamente as limitações do corpo físico, ou elevar-nos por cima dos componentes instintivos da nossa natureza, caímos no pecado da arrogância e fazemos que se abata sobre nós o castigo.
Com a mesma delicadeza que animou o Dr. Frankenstein a fazer o seu monstro, em nome do futuro e do progresso desencadeamos horrores sobre o mundo. E quando (como sucedeu com a Revolução Francesa) os ideais utópicos não têm em conta as realidades da natureza humana, enroscam-se e fecham-se sobre si mesmos; um processo durante o qual, por vezes, estrangulam o que encontram no seu caminho.
Aquário na cúspide ou posicionado numa Casa, exercerá uma influência similar à de Úrano; igualmente, haverá uma conexão entre a Casa que contenha Úrano e qualquer Casa onde se encontre Aquário.




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